21/06/2009

Phuket que dizes isso?


Backpack naTailândia

Uma viagem pela Tailândia, pela 1ª vez, é, ao limite, algo de absolutamente indizível...
Um país de encantar e simultaneamente assustador... as histórias que backpackers trocam entre si, ladyboys e prostituição infinita, malária e mosquitos intermináveis, praias que de dia afogam dezenas de turistas e de noite se revestem das mais espectaculares festas, polícias incrivelmente corruptos, enfim, neste país, aparentemente, existe de tudo...
Enquanto passamos, como sempre, tentamos rodear a viagem da maior quantidade possível de pormenores e contacto com quem lá está...
Aqui existe espaço para toda e qualquer experiência imaginável a um custo bastante acessível e por isso, talvez seja a tailândia espaço de abrigo a uma quantidade inimaginável de backpackers e turistas.
Após escala em Kuala Lumpur viajamos para Phuket. Apesar de aqui se poderem encontrar praias curiosas, Phuket permance áquem da ideia prévia.
Em época baixa (Maio - Outubro) é possível dormir a partir de 200 bath (4€) e comer por 100bath. Apesar dos preços serem relativamente baratos, sem grandes estravagâncias, em média sempre se gasta qualquer coisa como 40€ por dia.
Phuket é a ilha dos tuk tuk (pequenos táxis), suit (lojas de fatos em todo e qualquer lugar) e massage. Não terminam as abordagens, dezenas diariamente.
Em Phuket 2 visitas a Patong marcam um registo diagonal: os ladyboys. Homens que após mudança de sexo são agoras mulheres. E é incrédula a impressão que resulta. Muitos destes ladyboys são mulheres lindíssimas. Muito turista que come gato por lebre...
Em Patong existe uma rua enorme que de noite é o fim do mundo, prostitutas de um lado, ladyboys do outro, é indescritível a experiência de beber um copo diante deste cenário.
Em Phuket ouvimos pela 1ªvez falar do Bangkok Hilton, ironicamente uma prisão que alberga 12.000 presos, dos quais, 600 turistas que por muito ou quase nada, ficam na tailândia para sempre. Criam-se mitos em torno do fenómeno, não há qualquer recurso a diplomacia, nem contacto com o estrangeiro, os motivos podem ser tão variados quanto gritar com o tailandes errado, "passear" com o ladyboy errado, roubar um simples cinzeiro num restaurante, fumar um charuto de erva, enfim, após termos ouvido falar disto fomos investigar à net e os casos reais são totalmente assustadores:
- uma mulher que roubou por brincadeira um cinzeiro num restaurante - 4 anos de prisão;
- um turista que inadvertidamente desenhou um bigode num postal do rei - 7 anos de prisão; etc, etc...
Nas livrarias existem inúmeros bestsellers de estrangeiros a contar as suas experiências de quase morte nas prisões tailandeses por motivos que, ao limite, fazem uma pessoa sentir-se aterrorizado.
Entre turistas e backpackers passa constantemente a mensagem: nunca arranjes problemas com um tailândes, no final perdes sempre, e facilmente a tua vida...
Enfim, a regra pelos vistos é jogar as regras do jogo, manter a calma e tudo corre pelo melhor, tal como aconteceu connosco.
Em Phuket estivemos 4 dias, durante os quais, apenas em Karon Beach morreram 10 turistas afogados. Apesar de muito do que se conta sobre a tailândia poder ser ficção, após termos visto um homem a ser tirado morto da água, começamos a pensar que efectivamente, este paraíso morde com muita força.
Após Phuket navegamos para as ilhas Phi Phi. Apesar de irmos para passar apenas 2 dias, e seguir para Bangkok, acabamos por ficar até ao fim da viagem. O local é mágico, totalmente, tirado de um filme. Álias, foi precisamente após o filme The Beach que este local se tornou ainda mais notório, a mítica praia do filme é precisamente aqui e a metáfora é perfeita, álias, o filme é suportado no estilo de vida que se vive neste local, mais ou menos.
É uma pequena vila onde o tempo simplesmente pára, e pára mesmo. Não existe trânsito, não existe barulho ensurdecedor, não existem ladrões ou acidentes com turistas, não existem telemóveis, esta vila é o ultimate beach resort, uma espécie de centro comercial com centenas de backpackers que, como nós, vieram apenas por uns dias e acabaram por ficar semanas, meses ou anos. A melhor comida que se pode imaginar, praias de emudecer, andar descalço na rua, turistas que se comportam educamente, caso contrário, arranjam problemas com tailandeses, e isso, nesta altura toda a gente sabe que é o último que pode acontecer, portanto, é como que uma espécie de espaço zen, onde tudo anda na mais inaudita calma e boa disposição. De noite, raves na praia, jogos de fogo, jogos de sedução, enfim, a perfeita e mais exótica experiência que se pode imaginar.
Desta ilha fica a impressão que os tailandeses são um povo estranhamente inteligente e desenvolvido, criaram um mercado perfeito, com preços tabelados para tudo, aqui não importa onde se compra, porque se não compras neste local, compras ao primo ou tio 10m em frente. Imaginem que tudo o que existe à venda, e aqui existe tudo o que um turista pode querer a qualquer hora, 24h, está estruturado e organizado de uma forma aparentemente maquiavélica, é como que se todas as doutrinas sobre o mercado perfeito se tivessem consubstanciado neste local onde apenas há 4 anos, tudo foi devastado pelo tsunami. Fica a impressão que este é um povo muitíssimo inteligente e apto. Neste país o Moi Tai é o desporto nacional, ou seja, em cada pequenino tailandes está um homem que em segundos derruba uma pilha de músculos pelo chão. Façam as contas, fisicamente brilhantes e espiritualmente aguçados.
Durante a ida à Maya Beach, a praia do filme, no longtail boat conhecemos um grupo de backpackers, um inglês, um espanhol, um alemão e um vietnamita/canadiano. Este foi o grupo com que acabamos por passar o tempo na ilha, a troca de experiências foi impressionante, seria medonho tentar descrevê-lo, viagens pela índia, cambodja, laos, austrália, eua, etc. Juntem meia dúzia de pessoas que como nós estão a viajar há vários meses e o resultado é algo que apenas se compreende na presença dessas mesmas pessoas.
Desta experiência na tailândia resulta a convicção de que um backpack pelo sudeste asiático é totalmente imprescindível...